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A escola tem um papel fundamental nas mudanças que possam acontecer em nossa vida. As discussões em sala de aula, com os colegas, com a turma, sendo orientadas por educadores bem preparados, que tenham a devida capacitação, para incluir em seus conteúdos programáticos temas os mais diversos, são de grande valia. Também se referencia a escola como um meio ótimo para a utilização do conhecimento, como instrumento para a tranformação social.

Quando a criança chega em casa, e mexida pela informação, em sua formação, propõe uma crise. que pode gerar mudanças e evolução do pensamento. Surgem novos valores, para a formulação de novas práticas sociais. Tomadas de uma nova postura, para que se faça não só a provocação no sentido do novo, mas em caráter imprescindível, a construção de uma nova sociedade, família e ser humano.

Então, os pais hão que se educar a si próprios, reconstruindo as relações familiares. Inovando, sem perder a referência dos valores, aceitando as felizes provocações, sem descontruir o seu papel. E penso que o desenvolvimento de um diálogo, não vazio de propósitos, mas substanciado por uma prática coerente, há que ser um facilitador para esse processo educativo e revitalizador do contexto afetivo relacional.

A criança entenderá o valor da água, sem passar pela falta da mesma, na medida da conscientização, do saber sentir e valorizar a vida, o planeta, o ambiente, a vida.

EDSON DE SOUZA ALMEIDA . PSICOTERAPEUTA FAMILIAR E PSICODRAMATISTA.

Esses adolescentes… o que falam? O que sentem? Provocam, despertos, espertos. O que querem? O que recebem? De seus pais, de seus adultos…

Assim como nesse movimento de intensas transformações, os pais também alcançam um momento muito forte no desempenho de seu papel como cuidadores e orientadores de seus filho, não mais crianças. E sim, nesse segundo nascimento, adolescentes, tomados de outros olhares e escutas. Estão agora olhando para muito além do conhecido. E escutando outras vozes, questionam e colocam seus pais em um contraponto diferente, muitas vezes recorrente. O contexto é outro. E tem vezes que se repetem os confrontos, até que se encontre a resposta, inclusive para questões não formuladas claramente.

Suas falas são significativas:

“A paz que você procura está no silêncio que você não faz “. C. 17 anos, janeiro de 2014.

“Se a infância é o tempo para aprender a viver, a idade adulta deveria ser o tempo para se aprender a morrer, com dignidade e ética “. M. 15 anos, fevereiro de 2014.

Há anos atrás, pelos idos dos anos oitenta, no papel de educador, escutei o menino interno, com o diagnóstico do desvio de conduta com alta periculosidade. Falou ser “o adolescente bonzinho e o menor infrator ” E.  15 anos, 1981.

O que quis dizer? Que somos todos assim, soma de partes? Que temos o cedo e o tarde, o longe e o perto em nossas vida?

A vida é dialógica. Temos o papel e o contra papel. Só sou pai porque tenho o filho. E sou filho, eu mesmo, não sua extensão.

Soltar a pipa. Dar linha – e que seja sem cerol!

A pipa vai aos ares, impulsionada pelo que a solta e ao mesmo tempo segura. Dar corda, e cuidar. Quão mais distante do soltador da pipa, maior é a força do vento. Logo se faz uma certa contração muscular. Se olha a pipa com mais atenção e cuidados, e se sente a força que se faz para não perdê-la.

Os filhos, voam. Devem alcançar os céus! Esse é um desejo feliz de seus pais. Que consigam voar, alcançar… que possam ser felizes em sua vida.

E vejam, na medida de vôos  mais altos, os cuidados hão que ser mais praticados. Os filhos crescem em seus tamanhos, formas e cores. São nossas pipas voadoras! Pipa tem que voar;  se não, pipa não é, em sua plenitude. Que bom que haja esse que olha, com os pés no chão!

Edson de Souza Almeida é psicoterapeuta de adultos e adolescentes, atendendo pelos procedimentos individual, de casal, familiar e grupal.  Terapeuta Familiar Sistêmico e Psicodramatista.

 

 

Matriz de identidade é o berço da consciência de quem somos, dos nossos valores como pessoa. Ela abriga a formação da nossa identidade. É o modelo de vínculos, referencial de vida, afeto, respeito e alegria. São registros de relações que filtram para a essência de cada um: referência materna, referência paterna, relação pai e mãe, relação homem e mulher, relação família. Registram-se afetos, o ser aceito, o ser amado, rejeições e abandonos.

A internalização da matriz começa no primeiro grupo da existência humana e não cessa nunca de atuar. Quantos outros grupos, cada um de nós, passa na história da vida! passamos pelo grupo escola, pelos grupos profissionais, sociais, esportivos, religiosos, artísticos e humanos.

Muitos durante a vida são renegados, com tendência a se isolarem. Sabemos que o clima, o fluido entre o EU da criança e o TU (mãe) será da maior importância na formação do EU e dará padrões e formas de relacionamentos futuros. O início está na relação EU e TU. Na fase da indiferenciação do eu-tu, a criança não sobrevive sozinha, necessita de alguém que cuide dela, que capte o que ela necessita, que passe a segurança que vai ser atendida.

A criança vai caminhando para ganhar sua identidade como pessoa, como individualidade, para discriminar o outro, o tu e o mundo. Entra uma terceira pessoa e inicia-se a relação triangular: eu com a mamãe, eu com o papai e o papai com a mamãe. Vencendo as etapas dos relacionamentos bipessoais e triangulares, o indivíduo cria preparo para se relacionar com o eles e em seguida, sentir-se parte de um conjunto, de uma comunidade de entrar no mundo do NÓS.

Esta é a fase da circularização, é quando a criança entra nas vivências grupais, passo importante para que seus futuros relacionamentos sociais sejam satisfatórios. É o início da história de cada um, com base na matriz de identidade. Os menos privilegiados, pela falta de uma referência sadia fazem abandonos, rompimentos. É desta maneira distorcida que buscam o que não lhes foi dado. Assim como as sementes, a matriz também necessita de adubo, de alguém que saiba cuidar para que possam gerar frutos sadios. O que seria de uma bela flor se todos a abandonarem.

Ela murcha, seca, morre. Felizmente, somente a mãe natureza não abandona e se faz presente pelo sol, pela chuva. Nos grupos humanos, nem sempre tem alguém que cuida da existência, da continuidade, da história, da responsabilidade, do amor. Alguns se perdem no caminho do próprio vazio, ignorando o prazer existencial: o de buscar o crescimento nas próprias relações. Olho no olho, fala com escuta, mãos que se afagam, a linguagem do corpo, da sensibilidade que levam ao encontro e a compreensão do outro.

É triste ver como pessoas supostamente tão próximas, descartam uns aos outros; pais que abandonam filhos se ausentando dos cuidados físicos e afetivos quando a criança ainda tanto precisa da relação triangular. A matriz é fonte energética, que nutre o ser humano, com alimento saudável ou prejudicial ao seu crescimento. Quem ama cuida, toca, age e não abandona. E assim a humanidade vai tecendo a rede das relações, e os grupos são estruturados a partir das referências que tem.

E as relações rolam no tempo, sempre precisando de bons modelos. E é vendo nossa sociedade com modelos tão comprometidos, rejeições e abandonos, que reforçamos a chance de uma rematrização do ser humano. Esta rematrização se faz nos grupos psicodramáticos, onde há uma linguagem de respeito, de segurança, proteção, onde há o compartilhar, onde há troca, sensibilidade e a ética do cuidar. Todas as crianças e jovens precisam de uma matriz saudável, pois ela é condutora de atitudes futuras, de posturas relacionais. Ouvimos de muitos pais: dei o estudo e pronto! As relações de troca, a mão -guia, ajudam os filhos encontrarem seus caminhos. Com tantas mudanças nas relações familiares, dificuldades emocionais prejudicando as convivências, muitos jovens demoram a encontrar-se. As mãos que foram bem conduzidas tendem a conduzir com eficiência.

Vamos olhar a mudança nas relações familiares, como um novo movimento para reestruturar a convivência grupal. Hoje o ser humano precisa de relações onde há comunicação, colaboração e respeito. Assim estamos reconstruindo matrizes sadias e conscientes que podem sedimentar melhor a formação de novas gerações. O abandono não resolve, simplesmente responde ao desejo de fugir das responsabilidades. A essência da relação eu-tu-ele, está na capacidade de amar de cada um, que depende de crescimento emocional.

Considerando que “a matriz de identidade” não cessa nunca de atuar, é bom saber que sempre teremos a oportunidade de dar a nós mesmos e aos que amamos, a possibilidade da rematrização para uma existência melhor. Este artigo se encontra disponível também na revista OQ Joinville ano 1 nº3

Festas de casamento, juras de amor, viagens, a casinha dos sonhos! O encanto pelo outro, a vontade de estar junto, o cuidar e ser cuidado, assim começam as relações. Duas pessoas se encontram na vida, sentem o desejo de se aproximar, conviver e passam a ter a vida a dois.

A vontade de estar sempre juntos, o beijo, a brincadeira, a emoção do toque, faz crescer a convivência. O tempo passa e chega, o dia a dia, da relação. Os olhos começam a enxergar as atitudes de cada um, o jeito de ser, as manias, os defeitos, antes encobertos pela fantasia da paião. Somam-se duas histórias, duas famílias de origem, conteúdos internos de cada um e juntos passam a administrar o caminho da vida. Em algumas relações, chegam os filhos, e nem sempre vão encontrar pais e mães prontos para os papéis de pai e de mãe.

O sentido da vida será transmitido pelos pais através de suas vivências, para esta criança que vem ao mundo. Quantas mamães que ainda não estão prontas para a maternidade ”Quantos papais que ainda no papel de filho, dependentes, já estão gerando filhos” Precisam ainda de plenos cuidados e é difícil cuidar de alguém. Permanecem na relação simbiótica, narcísica e egocêntrica.

Na relação a dois, vivem intensamente as relações da paixão, mas não estão prontos para a construção do amor. A relação afetiva primária materna, mal resolvida, ou não internalizada vai refletir na relação do triângulo: mãe, filho e pai. E quando isso acontece, é comum que o homem, não preparado para ser pai, sinta-se abandonado pela mulher que cuida da criança e também, tenha dificuldade em compartilhar com prazer, o cuidar do filho.

Chega a competir com o filho a atenção da mãe mulher. Se coloca de lado, carente, como abandonado. Muitos nesta fase partem em busca de uma outra paixão, que viva exclusivamente para ele. Vivem relações e não relacionamentos.

Recentemente numa palestra, alguém indagou: se vemos esta dificuldade refletindo no compartamento de um filho, como localizar a culpa e o que fazer? – “não vamos falar de culpa, mas sim, da responsabilidade e interesse dos DOIS em procurar ajuda e querer melhorar”. Muitas vezes o conteúdo de um pode ser mais pesado para a harmonia do ambiente. Mas se um dos dois ficou na fase regredida,simbiótica das relações, certamente vai resistir a olhar para si, pois não consegue e não permite quebrar sua couraça.

E é olhando para nossa fragilidade que nos tomamos fortes e verdadeiros. A beleza da vida está em nos conhecer, viver emoções, e aprender a achar soluções para as nossas dificuldades. Quando os dois na relação estão abertos à busca do crescimento, o prognóstico é bem melhor: Aprendemos a não apontar as dificuldades do outro, mas sim, a olhar para os próprios conteúdos e respeitar os conteúdos do outro. Cada um se resolve no seu próprio ritmo, e juntos podem tentar construir um caminho comum.

Festas de casamento, juras de amor” vimos que a maturidade de cada um somada ao desejo de acertar, são responsáveis pelo bem estar da relação. “Para Moreno, considerado o pai do psicodrama”, um verdadeiro encontro implica na inversão de papéis: “te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus.” Infelizmente, muitos encontros levam a desencontros.

No Brasil aumentam a cada ano os rompimentos. Não existem anos de casados para as crises, mas sim fases do relacionamento. Fase da paixão e encantamento, reconhecimento do outro, atritos com relação as diferenças, posse, competição, e como já falamos, só se ambos se interessam pela busca de ajuda, vem a chance do reencontro.

A entrega do casal para a busca de ajuda direciona a relação para uma fase de maturidade e respeito pelas diferenças, possibilitando uma convivência melhor e até de carinho. Entram também modelos, conteúdos internos, e a matriz de casamento das famílias de origem de cada um. Muitas vezes um internalizou a estrutura de família como núcleo agradável, o outro como compromisso, peso, sufoco, chatice, competição.

Quando aparecem estas duas histórias, vão, sem dúvida, bater no desencontro. E para arrumar, ambos tem que desejar a busca de ajuda para refazer as cenas em busca do bem estar da convivência.

Vamos agora considerar o desgaste da relação amorosa, as diferenças de objetivos de vida, a separação do casal. E os filhos? Continuam crescendo, estão no processo de formação. Pai será sempre pai e mãe sempre mãe. A criança precisa de respeito, cuidado, afeto e disciplina. A meta de ambos deverá sempre ser favorecer um bom desenvolvimento do filho.

Não devem de maneira imatura, competir quem é melhor, quem brinca mais ou quem faz mais as vontades da criança. Estariam transferindo para os filhos em formação “coisas não resolvidas entre eles”. A consciência de educar deve ser a mesma para os dois. Se existirem ainda mágoas por parte de um, que venham a dificultar as metas da educação, os pais deveriam, PELO BEM DO FILHO, procurar acompanhamento terapêutico para lidar com os acertos. O objetivo é cuidar bem da criança, tanto por parte do pai, quanto por parte da mãe.

E os pais se sentem muito melhor, quando percebem que podem crescer.

Muitos pais só assumem o filho nos finais de semana, nas horas de lazer, brincadeiras, passeios. O ideal é que convivam também um dia de semana, para lidarem com a rotina escolar do filho. A criança sempre necessita de amor e disciplina. Relação com os filhos é para toda a vida. Os pais é que jogam a semente do amor e respeito no coração dos filhos. Depois precisam cuidar para cultivar bons frutos.

No sentimento e responsabilidade de cada pai, já deveria estar internalizado o desejo de cuidar do filho, proporcionando a ele, qualidade de vida. Na ética do ser pai, na ética do ser mãe, a pensão necessária para a vida dos filhos deveria ser justa e espontânea e não precisariam existir buscas na justiça. Como seria mais tranquilo para as crianças e adolescentes se o papai olhasse espontaneamente para as suas necessidades e sentisse prazer em estar proporcionando-lhe o conforto de vida.

Vamos reavaliar. Se tivemos oportunidade de ser pai e mãe, vamos aprender, vamos desfrutar deste papel com dignidade. Estamos a cada momento tecendo a teia das relações, através das palavras, dos silêncios, dos gestos, do carinho, da compreensão, do apoio, do compartilhar e principalmente através do nosso crescimento e do respeito ao outro.

Amor? Filhos para sempre. Filhos gente, ou filhos sementes, que deixamos, como parte de nós, para os canteiros das relações, para continuar a construção do mundo e fazer parte da história da humanidade.